Você veio.
Quando eu já estava rouca de tanto blasfemar. Não cantava mais sobre o amor para os anjos, não falava mais com Deus sobre isso. Nesse dia, minha teimosia se esfacelou em pedaços de puerilidade vã. Eu me libertei. E voltei a cantar para os anjos; e eles dançaram novamente.
Porque você veio.
Como quem chega do nada e certamente irá embora da mesma forma. O vento só existe em movimento. Difícil guardá-lo em uma gaiola. Mas o deserto jamais se esquecerá da brisa que lhe beijou a fronte, atenuando sua árida solidão.
Quando você veio.
Espalhou meus papéis e derrubou minhas máscaras. Eu me vi nua. E me senti nuvem. Meus sonhos encheram lagos, meus braços ergueram montes, meus olhos acenderam astros. E desejei com todas as forças ser a paisagem mais deslumbrante que você jamais tivesse visitado.
Eu pedi inconscientemente.
E você veio.
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